Sociedade#TORTURA
PM suspeito de acobertar trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves é afastado
Soldado Márcio Squarcieri é investigado por tortura e por ter atuado como segurança privado da empresa que explorava trabalhadores na colheita de uva e apanha de frango
Da redação Headline | Caxias do Sul, RSO policial militar Márcio Squarcieri, 39 anos, foi afastado de parte das atividades pela Brigada Militar (BM) de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, por ser suspeito de acobertar o trabalho análogo à escravidão na cidade, segundo investigações internas da BM, confirmadas nesta segunda-feira, 13. O soltado atua no 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (Bpat) da cidade.
Squarcieri estava envolvido com a exploração de trabalhadores na colheita de uva e apanha de frango na Serra Gaúcha pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, da qual foram resgatados 207 homens no dia 22 de fevereiro. Conhecido pelos trabalhadores resgatados como “Scorcese” ou “Escocês”, o policial foi apontado pelas vítimas como um dos responsáveis pelos espancamentos e torturas que sofriam.
Os resgatados informaram que tinham multas elevadas com o contratante, Pedro Augusto Oliveira de Santana e com Fábio Daros, dono do alojamento. Disseram ainda que nunca chegaram a receber pagamentos, eram mantidos em condições insalubres e que o policial era frequentemente chamado no local para torturá-los.
“Nunca cheguei a ser agredido porque só era agredido quem não ia trabalhar e eu ia mesmo se estivesse doente, porque se não fosse trabalhar sabia que eles iam buscar a gente lá na casa. Se falassem que não ia trabalhar porque tava doente ou cansado, eles batiam e o “Escocês” batia a mando do Pedro”, revela um trabalhador que pediu para não ser identificado.
Nas agressões apontadas pelos trabalhadores, estão o uso de cassetetes, armas de eletrochoque e socos e pontapés.
“Eu apanhei dele com socos na cara e fui ameaçado algumas vezes com uma arma que ele sempre carregava na mão”, conta outro homem, que está morando em São Paulo por medo de retornar à Bahia.
O policial está sendo investigado por tortura e por, supostamente, ter atuado como segurança privado do alojamento e da empresa. Até a publicação desta reportagem a Corregedoria-Geral da Brigada Militar não informou se Squarcieri será afastado de todas as atividades em que atua. No momento, o homem está prestando apenas serviços internos.