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PM suspeito de acobertar trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves é afastado

Soldado Márcio Squarcieri é investigado por tortura e por ter atuado como segurança privado da empresa que explorava trabalhadores na colheita de uva e apanha de frango

Da redação Headline | Caxias do Sul, RS
#TORTURA13 de mar. de 232 min de leitura
Trabalhadores não recebiam salários e eram submetidos a torturas. PM é investigado por estar envolvido no caso. Foto: Daniel Marenco/ Headline
Da redação Headline | Caxias do Sul, RS13 de mar. de 232 min de leitura

O policial militar Márcio Squarcieri, 39 anos, foi afastado de parte das atividades pela Brigada Militar (BM) de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, por ser suspeito de acobertar o trabalho análogo à escravidão na cidade, segundo investigações internas da BM, confirmadas nesta segunda-feira, 13. O soltado atua no 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (Bpat) da cidade.

Squarcieri estava envolvido com a exploração de trabalhadores na colheita de uva e apanha de frango na Serra Gaúcha pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, da qual foram resgatados 207 homens no dia 22 de fevereiro. Conhecido pelos trabalhadores resgatados como “Scorcese” ou “Escocês”, o policial foi apontado pelas vítimas como um dos responsáveis pelos espancamentos e torturas que sofriam.

Os resgatados informaram que tinham multas elevadas com o contratante, Pedro Augusto Oliveira de Santana e com Fábio Daros, dono do alojamento. Disseram ainda que nunca chegaram a receber pagamentos, eram mantidos em condições insalubres e que o policial era frequentemente chamado no local para torturá-los.

“Nunca cheguei a ser agredido porque só era agredido quem não ia trabalhar e eu ia mesmo se estivesse doente, porque se não fosse trabalhar sabia que eles iam buscar a gente lá na casa. Se falassem que não ia trabalhar porque tava doente ou cansado, eles batiam e o “Escocês” batia a mando do Pedro”, revela um trabalhador que pediu para não ser identificado.

Nas agressões apontadas pelos trabalhadores, estão o uso de cassetetes, armas de eletrochoque e socos e pontapés.

“Eu apanhei dele com socos na cara e fui ameaçado algumas vezes com uma arma que ele sempre carregava na mão”, conta outro homem, que está morando em São Paulo por medo de retornar à Bahia.

O policial está sendo investigado por tortura e por, supostamente, ter atuado como segurança privado do alojamento e da empresa. Até a publicação desta reportagem a Corregedoria-Geral da Brigada Militar não informou se Squarcieri será afastado de todas as atividades em que atua. No momento, o homem está prestando apenas serviços internos.


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