Ideias#DIPLOMACIA
Os desafios do Lula 3 numa ordem mundial infinitamente mais complexa
Três diplomatas se alinham na avaliação dos anos desastrosos do país sob Bolsonaro, mas deixam claro o confronto de visões sobre a nova diplomacia brasileira
Deborah Berlinck, da Headline Ideias | Genebra
O mundo que Luiz Inácio Lula da Silva vai enfrentar agora no início de seu terceiro mandato é “infinitamente mais complexo” do que há 20 anos, nos seus dois primeiros governos. É um mundo que caminha para uma bipolaridade entre EUA e China “que não interessa ao Brasil”.
Quem diz isso é Celso Amorim, que estará ao lado do presidente Lula no Palácio do Planalto como Assessor Especial para Assuntos Internacionais — cargo que nos dois mandatos anteriores de Lula fora ocupado pelo finado Marco Aurélio Garcia. Amorim foi um ator fundamental no protagonismo do Brasil na política externa lulista, atuando como ministro das Relações Exteriores no período áureo dos anos Lula 1 e 2.
Headline Ideias – um espaço para diálogos – convidou três atores-chave da política externa brasileira nas últimas décadas a expor suas visões sobre o cenário brasileiro no mundo. Três perguntas guiaram as conversas:
Em que estado se encontra a política externa após 4 anos de Bolsonaro?
O que o novo governo precisa fazer para reverter o isolamento internacional do Brasil?
Que erros nos dois primeiros mandatos de Lula não devem ser repetidos?
Além de Celso Amorim, participam do debate José Alfredo Graça Lima, embaixador aposentado que ajudou a formular as ideias de política externa da então candidata à presidência Simone Tebet, atual ministra do Planejamento. Ele foi negociador do Brasil no Mercosul e na Organização Mundial de Comércio (OMC). E também Sérgio Amaral, ex-embaixador do Brasil em Washington no governo Temer e no primeiro ano do governo Bolsonaro, e ex-Ministro do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior no governo Fernando Henrique Cardoso.
Amaral, aliás, critica os "equívocos" da política externa dos dois governos Lula, citando um "excesso de retórica e poucos resultados", em especial na América Latina. Graça Lima segue a mesma linha: questiona as "apostas equivocadas".
São três vídeos, com três textos transcritos – todos ricos em ideias “a título pessoal”, como frisou Amorim. Os três diplomatas se alinham na avaliação dos anos desastrosos do governo Bolsonaro.
Mas também deixam claro o confronto de ideias e visões que existe entre eles e entre outros peso-pesados da diplomacia hoje no Itamaraty. Qual o melhor caminho para trilhar? Deixo vocês descobrirem nos vídeos e textos.