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Oito reportagens do jornalismo independente que anteciparam o horror yanomami

Moreno Osório, da Headline | Porto Alegre

Matérias produzidas recentemente mostram a escalada da crise humanitária yanomami, que foi agravada pelo avanço do garimpo ilegal e pelo descaso do Estado durante os anos Bolsonaro

23 de jan. de 233 min de leitura
23 de jan. de 233 min de leitura

Vocês devem estar acompanhando, horrorizados, a situação dos yanomamis em Roraima. Se precisarem de contexto, deem uma olhada na matéria abaixo.

A crise não surgiu do nada. Há muito tempo os indígenas vêm reclamando o abandono por parte do Estado e denunciando o avanço do garimpo ilegal, que invade suas terras e inviabiliza a vida no território. 

Selecionamos reportagens produzidas pelo jornalismo independente que anteciparam o horror que estamos presenciando agora.

  • Começamos com esta, da Agência Pública que, em dezembro passado, denunciou que a mortalidade infantil entre os yanomamis era 13,7 vezes maior do que a nacional.  Vejam o que escreveu o repórter Rafael Oliveira:

"[...] entre 2019 e 2021, ao menos 404 crianças menores de 5 anos morreram no território indígena por causas que poderiam ter sido evitadas ou tratadas. É uma média de 134 a cada ano, sendo os dados de 2020 e 2021 ainda preliminares."

  • A Pública já havia noticiado o descaso com a população yanomami em 2021. Nesta outra reportagem, ao denunciar que 24 crianças indígenas haviam morrido por desnutrição, o repórter Rafael Oliveira observava que o número representava 7% dos casos do Brasil.

  • Os dados atuais mostraram um cenário pior. Reportagem da Sumaúma publicada na última sexta mostrou que 570 crianças yanomamis menores de 5 anos morreram por causas evitáveis nos últimos 4 anos. Um número 29% maior do que nos quatro anos anteriores. 

  • Voltando à Pública, Rubens Valente denunciou, em setembro de 2022, que o governo federal havia bloqueado R$ 250 milhões da saúde indígena — e que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) tentava reaver parte da quantia. A reportagem já trazia infos sobre mortes evitáveis e desnutrição.


  • Em junho de 2021, Maria Fernanda Ribeiro, da Amazônia Real, escreveu:

"Uma água barrenta escorre de lagoas de sedimentos e jorra para os rios. Há muito mercúrio, ainda largamente utilizado na extração do cobiçado minério. Mas carrega também o sangue dos Yanomami, que pedem socorro."

  • O trecho foi retirado de uma das sete do especial "Ouro do sangue Yanomami", produzido em parceria com a Repórter Brasil. O material mostra "o caminho do ouro, da extração ilegal que devasta a Terra Indígena Yanomami até sua transformação em joias de luxo". 


  • Querem saber como? Então leiam esta reportagem Repórter Brasil de junho de 2021. A partir de inquéritos da PF obtidos via LAI, a matéria mostra, nas palavras dos repórteres Guilherme Henrique, Ana Magalhães e Piero Locatelli, "como a comercialização do metal ganha um verniz de legalidade, mesmo tendo uma origem ilegal".

  • Voltando ainda mais no tempo vocês descobrir que Davi Kopenawa Yanomani já denunciava as atrocidades vividas pelo seu povo em 2017. Leiam a entrevista que o El País Brasil fez com ele. Já naquele momento, o líder indígena denunciava a invasão de garimpos ilegais nas terras da etnia. “Estamos tomando água poluída, de mercúrio", denunciou.

  • Por fim, uma dica de filme: "A Última Floresta", disponível na íntegra no YouTube, mostra a tentativa de Davi Kopenawa Yanomani de "manter vivos os espíritos da floresta e as tradições, enquanto a chegada de garimpeiros traz morte e doenças para a comunidade". 

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