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Morre Rita Lee, a rainha brasileira do rock, aos 75 anos

Da Redação de Headline | Rio de Janeiro e São Paulo

A cantora faleceu nesta segunda-feira, 8, em sua casa na capital paulista. Presidente Lula declarou luto oficial de três dias

9 de mai. de 234 min de leitura
9 de mai. de 234 min de leitura

A cantora Rita Lee, a rainha brasileira do rock, faleceu nesta segunda-feira, 8, em sua casa na capital paulista, cercada pela sua família.

O velório será aberto ao público e acontecerá na quarta-feira, dia 10, das 10h às 17h, no Planetário do Parque Ibirapuera, segundo anúncio feito pela família na página oficial da cantora no Instagram. O corpo da cantora será cremado em uma cerimônia restrita à família.

Rita Lee havia sido diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamento contra a doença desde então.

O presidente Lula declarou, na tarde de terça, luto oficial de três dias pela morte da cantora.

Mau exemplo

"Ela nunca foi bom exemplo, mas era gente boa". Foi esse o epitáfio que a própria Rita Lee escolheu para si, em sua autobiografia, pulicada em 2016. A cantora, de fato, pode ter sido considerada um mau exemplo por muitos pela forma disruptiva como viveu sua vida.

Debochada e desbocada, ela nunca mediu as palavras para comentar o mundo e para falar de si. Com sua música não era diferente.

Rita iniciou a carreira musical na adolescência e ganhou fama ao seu unir a Arnaldo Batista e seu irmão, Sérgio, na banda que surgiu com o nome "Os Bruxos" e que depois se tornaria Os Mutantes.

Em uma época em que o rock era dominado por artistas homens, Rita ocupou espaço sem se abalar. "Eu era a única garota roqueira no meio de um clube só de Bolinhas, cujo mantra era: para fazer rock tem que ter culhão. Eu fui lá com meu útero e ovários e me senti uma igual, gostassem eles, ou não", escreveu em sua biografia.

Foto: do perfil de Instagram @ritalee_oficial
Foto: do perfil de Instagram @ritalee_oficial

Cantando e falando de sexo, amor e liberdade, com suas roupas extravagantes e jeito único, não só ficou famosa, mas também foi referência para uma geração de mulheres.

Com os Mutantes, fez sucesso na época da Tropicália e, trocando com outros artistas com Caetano Veloso e Gilberto Gil, abrasileirou seu rock.

Em 1972, Rita se separou do grupo e formou a banda Tutti Frutti, para então seguir carreira solo.

Em cinco décadas de carreira, Rita lançou mais de 30 álbuns e era reconhecida não só no Brasil. Foi indicada ao Grammy Latino sete vezes – e levou uma, em 2001, como Melhor Álbum de Rock Brasileiro, por 3001. Em 2022, o conjunto de sua obra recebeu o Prêmio Excelência Musical da Academia Latina da Gravação.

Fora dos palanques

Apesar de sua defesa da liberdade, durante sua trajetória, Rita evitou se engajar em debates políticos. Inclusive, durante a ditadura militar. "Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los", escreveu também em sua autobiografia.

Mas diversos políticos já se manifestaram nas redes sociais sobre sua morte. O presidente Lula, tuitou uma homenagem: "Jamais será esquecida e deixa na música e em livros seu legado para milhões de fãs no mundo inteiro. Meu abraço fraterno aos filhos Beto, João e Antônio, familiares e amigos. Rita, agora falta você".

Geraldo Alckmin, Fernando Haddad, Randolfe Rodrigues, Omar Aziz, são alguns dos outros políticos que também homenagearam a cantora.

E, na verdade, apesar de não subir em palanques, Rita usou suas redes sociais diversas vezes para se posicionar politicamente. Em 2011, quando Lula encerrou seu segundo mandato, ela publicou: “Só de não ouvir Lula e sua voz de catacumba, com rodelas de suor debaixo do braço, cuspindo perdigotos e assassinando o português, é um alívio”.

Beto Lee, seu filho, também contou que Rita havia apelidado seu tumor maligno de Jair. E em 2021 ela escreveu: “É assustador ver gente no comando com mente tão ultrapassada. Me enche o saco o racismo, a misoginia, a homofobia. Não tenho paciência para isso. Eu queria chegar em 2021 e perceber mais respeito no mundo”.

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