#ELEIÇÕES 2022
Frente Ampla se consolida com apoio de ex-presidentes do PSDB, empresários e acadêmicos a Lula
Andrei Netto, da HeadlineEvento organizado pelo think tank Derrubando Muros galvaniza apoio do centro democrático à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva; ex-presidente promete governar integrando propostas e personalidades presentes
Se ainda havia um elo perdido na Frente Ampla em torno da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha à presidência, a união agora está sacramentada. Em um evento com a presença de toda a cúpula da campanha petista, presidentes históricos do PSDB, empresários e acadêmicos de centro formalizaram apoio "imediato, incondicional e independente" na disputa contra o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
O encontro foi costurado pelo criador do think tank Derrubando Muros, o sociólogo Zeca Martins, com o auxílio do candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad. O candidato petista ao governo paulista vinha contribuindo para a aproximação do grupo, formado por mais de uma centena de empresários e intelectuais, com a direção de campanha de Lula. Ontem, uma semana depois das declarações de apoio de Simone Tebet, candidata do MDB no primeiro turno, e de Ciro Gomes, do PDT, a aproximação se tornou realidade em um hotel de São Paulo.
"Até o dia da eleição vai ter mais gente participando. Porque é como disse o Raí: não é questão de escolher o Lula. É um voto necessário para restabelecer a democracia no país", disse Lula em entrevista a Headline. "O dado concreto é esse: ou é a democracia ou a barbárie. Essa Frente Ampla vai surgindo na hora certa, com o peso certo. É que nem coração de mãe: quem quiser vir, vai ser abraçado."
No encontro, estavam personalidades, empresários, cientistas políticos, economistas e intelectuais como Ricardo Henriques, Eduardo Gianetti, Samuel Pessoa, Neca Setúbal e André Lara Resende. Além deles, políticos como Marina Silva, deputada federal eleita pela Rede, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e, sobretudo, lideranças históricas do PSDB, como José Aníbal, Pimenta da Veiga, Aloysio Nunes, Teotônio Vilela Filho (por telefone), manifestaram apoio.
"A maior parte dos que estão aqui sabe que ao longo da minha vida pública tive grandes embates com o PT. Não obstante, em algum momento anterior, votei em Lula para presidente", lembrou o ex-presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, referindo-se à campanha de 1989, em que o petista enfrentou o ex-presidente Fernando Collor. "Hoje estou aqui em uma posição semelhante. Eu entendo que nós temos um enorme risco institucional pela frente, e isso deve nos unir. Essa união passa agora pela eleição de Lula para a presidência."
O apoio consolida a presença em peso de expoentes do PSDB, depois da adesão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Vim aqui, Lula, me alistar nessa luta pela sua vitória. Mas quero lhe dizer que é muito mais do que isso", reiterou Veiga. "Não é apenas a vitória de Lula e dos partidos que o apoiam. É a vitória da democracia."
Veja a declaração de Lula sobre a Frente Ampla em vídeo
Apoio "amplo, geral e irrestrito"
Após receber uma cópia da Agenda Inadiável, um documento elaborado ao longo de três anos com propostas de políticas públicas para 12 áreas, entre as quais saúde, educação e desenvolvimento sustentável, Lula prometeu governar com a contribuição dos presentes. "Pode ter certeza de que eu vou bater à porta de cada um de vocês. Porque não é uma tarefa minha consertar esse país. É uma tarefa nossa", afirmou.
Entre os acadêmicos, intelectuais e representantes da sociedade civil presentes, a adesão foi "ampla, geral e irrestrita", como definiu Philip Yang, fundador do Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole. "O Brasil de hoje está correndo a corrida do século errado. Precisamos desfazer as 401 canetadas que este governo tomou para passar a boiada", defendeu Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, de política climática.
Para Priscila Cruz, presidente-executiva da organização não-governamental Todos pela Educação, o evento materializa o apoio da sociedade civil por um projeto de país. "Este é o encontro da Frente Ampla pelo Brasil com a Frente Ampla pela educação", avaliou.
"Nós hoje cumprimos um dever cívico de dizer publicamente que nós queremos democracia no Brasil, que nós não aceitamos um governo obscuro e de retrocessos", disse Zeca Martins. "Nós não trazemos apenas apoio, mas também ideias para um Brasil que dá um cavalo de pau nesse atraso em que estamos metidos."