El Periódico fecha portas na Guatemala sob denúncias de perseguição a seu fundador

Demorou, mas aconteceu: menos de um ano após a controversa prisão de seu principal representante e fundador, o jornalista José Rubén Zamora, o tradicional jornal guatemalteco El Periódico anunciou na manhã de sexta-feira (12) o encerramento definitivo de suas atividades. A publicação já havia deixado de circular na versão impressa em novembro, mas ainda mantinha atualizações diárias na internet.

Em um comunicado compartilhado nas redes sociais, a direção do veículo foi enfática, atribuindo o fechamento das portas ao “golpe contundente” imposto à empresa no marco da prisão de Zamora. “Nossa equipe resistiu durante 287 dias a perseguições e prisões políticas e econômicas”, disseram, agradecendo colaboradores que ajudaram a manter o jornal funcionando após a detenção de seu presidente.

O anúncio também relembrou que, até o momento, pelo menos quatro advogados do jornalista também acabaram detidos, além de outros funcionários que seguem sob investigação, compondo uma trama que o jornal, a oposição e diversas entidades denunciam como manobra arbitrária promovida pelo governo de Alejandro Giammattei.

Um dos principais veículos do país, El Periódico vive em destaque por reportagens de teor crítico ao oficialismo; e, à medida que Giammattei aumentava suas nuances autoritárias, cresciam as denúncias feitas pelo jornal, por fim levando ao sufocamento dele próprio (entenda o caso). Zamora é acusado na esfera penal em pelo quatro casos diferentes, incluindo lavagem de dinheiro. O julgamento teve início no segundo dia deste mês e deve se arrastar à medida que mais holofotes são apontados para o principal escândalo do país no momento.