#Burnout
“Brasil é um dos oito países com maior prevalência de burnout”, diz psiquiatra
Danilo Rocha LimaLigado à sobrecarga, o burnout é uma condição ocupacional que gera um distanciamento afetivo do trabalho. A especialista Danielle Admoni diz que Brasil tem uma das maiores incidências do mundo
A nova classificação da Organização Mundial de Saúde classifica o burnout como uma síndrome ligada ao trabalho. A condição, que se traduz no esgotamento profissional, deve redundar em ações trabalhistas no Brasil, que é um dos oito países com mais prevalência, segundo a psiquiatra Danielle Herszenhorn Admoni, da Unifesp.
O burnout está ligado à sobrecarga e se traduz num distanciamento afetivo em relação ao trabalho. “O burnout é como aquela chama que queima o palito até chegar um momento que acaba”, afirma Admoni.
Os sinais são irritação, que começa em casa. “Tem aquela famosa questão de sofrer demais no domingo à noite, antes de começar a trabalhar na segunda-feira, ter pesadelos com o trabalho. Qualquer coisa que lembre o trabalho, por exemplo, nas férias, a pessoa já começa a ter sintomas ansiosos”, explica.
Apesar de não ser uma doença, a psiquiatra explica que o burnout é uma condição ocupacional. “Assim como o LER, de esforço repetitivo, a inalação de substâncias, diversas causas que relacionadas ao trabalho e estão bem documentadas”, diz. É por essa relação direita com a questão laboral que o burnout se tornou motivo de aposentadorias e processos trabalhistas. "Olha, essa pessoa adoeceu psiquicamente porque ela está sofrendo um estresse crônico nesse trabalho’”, destaca.
As especialidades médicas hoje que mais geram afastamento do trabalho são ortopedia e psiquiatria. Segundo Admoni, afastamentos de trabalhadores por causas ligadas à saúde mental dobraram desde que a pandemia levou grande parte da população a adotar o trabalho em casa.