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29,2% das famílias brasileiras estão com dívidas em atraso, diz pesquisa

Francisco Amorim, da Headline | Rio de Janeiro

Entre os mais pobres, a inadimplência chega a 37%. Nas famílias com renda igual ou superior a 10 salários mínimos, o índice cai para 13,8%

11 de jul. de 233 min de leitura
11 de jul. de 233 min de leitura

O percentual de famílias brasileiras com dívidas em atraso chegou a 29,2% no mês passado. É o que aponta a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio, divulgada nesta semana. O estudo indica ainda que 12% delas não tem condições financeiras de sair da inadimplência.

O endividamento das famílias brasileiras registrou um aumento em junho, atingindo o maior índice desde novembro do ano passado: 78,5% delas possuíam alguma dívida a vencer ou já vencida no mês passado — situação classificada como endividamento pelos economistas —, um aumento de 0,2 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior, o maior índice desde 2010, ano que a pesquisa começou a ser realizada mensalmente.

Entre as famílias endividadas, o número daquelas que perderam a capacidade financeira para pagar suas contas. Após seis meses de declínio, a proporção de consumidores com dívidas atrasadas voltou a aumentar. Conforme o estudo, embora haja uma melhora na renda disponível, impulsionada pela evolução positiva do mercado de trabalho e pelo alívio da inflação, isso não foi suficiente "para retirar da inadimplência os consumidores com dívidas atrasadas há mais tempo".

Uma em cada seis famílias pobres está inadimplente

O número de famílias mais pobres sem condições de quitar suas dívidas se manteve estável, na casa do 16,5%, em relação a maio, mas aumentou em relação ao mesmo período do ano passado. No grupo formado por famílias com renda mais alta, igual ou superior a 10 salários mínimos, a inadimplência é bem menor: mesmo crescendo 0,4 p.p. em relação a maio, o índice ficou em 3,6% no mês passado.

Em outras palavras, uma em cada seis famílias com renda até três salários mínimos não tem como pagar suas contas. Entre as de melhor renda, a relação é de uma a cada 27.

O estudo apontou ainda que o volume de consumidores com atrasos há mais de 90 dias também cresceu, alcançando 46% do total de inadimplentes em junho. Segundo a pesquisa, "a melhora da renda disponível, com a evolução positiva do mercado de trabalho e o alívio da inflação, não tem se mostrado condição suficiente para retirar da inadimplência os consumidores com dívidas atrasadas há mais tempo".

O volume de endividamento é maior entre as mulheres — 79,6% delas e 77,6% dos homens. O crescimento de endividados, no entanto, foi similar nos últimos 12 meses: 1,2 p.p. entre as mulheres, 1,1 p.p. entre homens.

Dívidas no cartão

Em comparação a junho do ano passado, um maior número de consumidores recorreu ao uso do cartão de crédito como modalidade de dívida, aponta a pesquisa. Além disso, o crédito pessoal também foi bastante utilizado, sendo, conforme o estudo, uma opção atraente devido à redução dos juros até maio deste ano, de acordo com dados do Banco Central (com taxa média de 40,9% ao ano, representando uma queda de 8 p.p.).

Na avaliação do estudo, essa modalidade tem auxiliado os brasileiros a quitarem dívidas mais caras, como o próprio rotativo do cartão. Entre o total de consumidores endividados, 87% possuem dívidas no cartão de crédito.

No aspecto regional, as regiões Sul e Sudeste concentram a maior quantidade de pessoas endividadas. Entre as 10 unidades federativas com a maior proporção de endividados, três estão localizadas no Sudeste (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo) e duas no Sul (Paraná e Rio Grande do Sul).

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