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Como o ChatGPT e outras inteligências artificiais vão transformar o futuro

Danilo Rocha Lima, da Headline

Especialistas salientam a importância do fator humano e apontam que profissionais que dominam a ferramenta serão os mais apreciados no mercado de trabalho

8 de fev. de 234 min de leitura
8 de fev. de 234 min de leitura

No título de uma matéria como essa, o jornalista sempre busca várias opções para que a manchete do seu texto seja a mais sucinta, clara e atraente ao leitor. Agora, com a ajuda do ChatGPT, o jornalista pode escrever ao robô informações sobre o assunto que ele está cobrindo. Em segundos, ele terá pelo menos 100 opções de títulos para o seu texto para escolher o melhor.

O exemplo parece básico, mas diz muito sobre como a ferramenta vai afetar processos criativos e ameaçar profissionais que não se adaptarem à disrupção.

"Sobre esse debate que temos hoje, no futuro as pessoas vão dizer algo assim: 'você acredita que um dia discutiram se a gente deveria ou não deixar o ChatGPT existir e fazer parte da nossa base de trabalho'", aponta a doutora e pesquisadora em educação Beatrice Bonami.

O fator humano vai contar mais na finalização e na qualidade do processo criativo do que necessariamente na sua realização pura e simples. "Jornalistas criaram revoluções. Mas, se, a partir de agora, eles não souberem como falar aos humanos, eles não serão mais ouvidos. Nenhum robô saberá fazer isso. Eles chegarão perto do que é reproduzir o pensamento humano. Mas, como para nós, educadores, estamos nos movendo para um tempo onde ensaios e textos afetarão humanos baseados em verdadeiras criações. O importante é como essas criações afetarão outros seres humanos", prevê o educador Jake Carr.

Para desenvolvedores de software, a ameaça com a chegada do ChatGPT aos seus postos de trabalho é relativizada. Por enquanto. "O fato de ter se tornado público, com uma bonita interface, criou um efeito de emulação e entusiasmo. As pessoas se deram conta das possibilidades, mas nós já tínhamos ideia de outras ferramentas que também performavam muito. É a acessibilidade que conta muito nesse caso. Para nós, na engenharia de softwares, vai mudar muito".

"Os bons profissionais serão aqueles que saberão fazer bom uso do robô", aponta a arquiteta de dados Marie-Alice Blete.

Para alguns, o entusiamo com o ChatGTP deve ser moderado pela prudência em relação à finalidade do seu uso e à sua adaptação às necessidades atuais.

"O tratamento de texto substituiu a máquina de escrever, que tomou lugar da escrita à mão. Essas ferramentas sempre se adaptaram. Então, é preciso entender que isso (ChatGPT) não vai desaparecer em 3 meses ou as pessoas vão parar de usá-lo. Se for o caso, outras ferramentas virão no lugar. Estudantes e profissionais devem se adaptar. Isso é o mais importante", diz a especialista em inteligência artificial Virginie Mathivet.

"A história nos mostra que o progresso tecnológico e social sempre vem. Então, é exatamente agora que a gente tem que pensar qual vai ser a nossa tarefa para o futuro", sugere Beatrice Bonami.

A origem dos dados utilizados pelo ChatGPT também é objeto de atenção atualmente. Uma investigação da Revista TIME apontou que a Sama, empresa que presta serviços para a Open AI (criadora do ChatGPT), empregava trabalhadores no Quênia para analisarem e classificarem milhares de textos e conteúdos que apresentavam situações de abuso sexual, abuso infantil, assassinatos, tortura, incesto e outras situações difíceis.

Todo esse trabalho era feito para ajudar a máquina de inteligência artificial a fazer a boa distinção sobre os dados dos quais dispõe. O serviço não veio sem efeitos colaterais sérios. Contratados para a tarefa relataram efeitos psicológicos e comportamentais severos. Valor do trabalho pago aos quenianos: dois dólares por hora.

Além disso, outra adaptação, tão silenciosa quanto urgente deverá ser levada em conta à medida que o ChatGPT se tornará mais popular: o seu impacto ambiental não deve ser subestimado. Atualmente, sabemos que o tratamento e o armazenamento de uma grande quantidade de dados como aqueles usados pelo ChatGPT demandam o consumo de muita energia elétrica.

"Temos que pensar no bem estar que o seu uso pode causar, mas também o lado negativo, relativo às emissões de poluentes ligados à produção de energia. E essa é uma questão válida para todas as ferramentas à nossa disposição", lembra a especialista em inteligência artificial Katya Lainé.

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